
Neste dia 21 de abril, Brasília comemora 65 anos. Para celebrar a data, a TV Brasil preparou um programa especial, que resgata conteúdos sobre a capital, produzidos pela emissora ao longo dos últimos anos. O Caminhos da Reportagem desta semana reconta a história da cidade, com seu urbanismo inovador, arquitetura futurista e identidade cultural própria.
Brasília nasceu do sonho visionário de Juscelino Kubitschek, que via na construção da nova capital não apenas o cumprimento de uma promessa de campanha, mas a materialização do progresso.
Lúcio Costa desenhou uma cidade em forma de avião, integrada à natureza e pensada para o futuro. Os traços de Oscar Niemeyer deram forma a monumentos icônicos, como o Congresso Nacional, a Catedral e o Palácio da Alvorada. Para completar a paisagem, os azulejos de Athos Bulcão trouxeram cor, movimento e identidade visual à cidade, transformando Brasília em uma verdadeira obra de arte a céu aberto.
Mais do que um centro político, Brasília é um manifesto da criatividade brasileira.
Antes mesmo da criação de Brasília, já existia a promessa do Lago Paranoá.
“Quando fizeram o concurso público para o plano piloto da nova capital do Brasil, o lago já estava desenhado”, explicou Frederico Flósculo, no documentário Paranoá: Espelho do Céu, produzido e exibido pela TV Brasil, em 2015. O documentário conta como foi o processo de construção da barragem e do lago, que é artificial e tem 40 quilômetros de extensão.
Em 1979, quase 20 anos depois da inauguração, Brasília ganhava de presente, pelas mãos do maestro Claudio Santoro, a Orquestra Sinfônica da cidade. O Caminhos da Reportagem resgata, ainda, um episódio exibido em 2024, que conta como foram os primeiros anos da orquestra, que posteriormente viria a se chamar Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Cláudio Santoro, em homenagem ao maestro.
Clinaura Macêdo, violinista aposentada da orquestra, ressalta o prestígio que Santoro tinha e como ele foi capaz de levar grandes nomes para tocar em Brasília.
“Nesse período, ainda em 1979, a orquestra nascendo, Jacques Klein veio tocar conosco. Foi um dos pianistas mais importantes do Brasil, reconhecido internacionalmente. Em 1980, veio Nelson Freire, um dos cinco pianistas mais importantes do mundo. Veio ainda Jean-Pierre Rampal, o maior flautista do mundo, francês. Além de três compositores do primeiro patamar do Brasil: Camargo Guarnieri, Guerra Peixe e Francisco Mignone”.
Santoro teve ainda um papel fundamental na criação do Departamento de Música da Universidade de Brasília. Convidado por Darcy Ribeiro, ele estruturou um curso de música inovador, alinhado ao espírito vanguardista da UnB.
Entre os grandes nomes que participaram da concretização de Brasília está também o de Athos Bulcão. O artista plástico, conhecido por seus painéis de azulejos geométricos, trabalhou em colaboração com Oscar Niemeyer. Os contornos da arquitetura de Niemeyer encontraram harmonia com os traços e a delicadeza da arte de Bulcão.
Em 1958, 2 anos antes da inauguração da capital, Athos já havia criado sua primeira obra. A Igreja de Nossa Senhora de Fátima, mais conhecida como Igrejinha, foi erguida a pedido de dona Sarah Kubitschek, em agradecimento pela cura de sua filha, que havia tido uma grave doença.
Ronaldo Fraga, estilista, conta que quando Niemeyer pediu para Athos os azulejos para a Igrejinha, o artista teria dito que “o Brasil já tem igrejas opressoras demais”.
“Eu queria que essa igreja tivesse a mágica de uma noite de São João”, conta Fraga, que descreve a Igrejinha como uma pérola da arquitetura brasileira.
Não se pode falar em Brasília e deixar de citar os jardins de Burle Marx, que transformam o concreto modernista em paisagem viva e que dão alma à cidade. Convidado por Niemeyer e Lúcio Costa, ele foi responsável pelo paisagismo de diversos espaços icônicos da capital. Seus jardins, caracterizados pelo uso de vegetação nativa do Cerrado, têm curvas orgânicas e contrastes de cores e texturas, trazendo o paisagismo como elemento da experiência humana.
O Caminhos da Reportagem vai ao ar nesta segunda-feira, às 23h, na TV Brasil.
Ficha técnica:
Produção: Patrícia Aráujo
Edição de Texto: Marieta Cazarré
Edição de Imagem: André Eustáquio
Arquivo:
Documentário Paranoá: Espelho do Céu – 2015
Caminhos da Reportagem Orquestra Santoro: 45 anos de histórias e saudades – 2024
Caminhos da Reportagem Athos de Arte – 2018
Caminhos da Reportagem Sítio Roberto Burle Marx, um legado para a humanidade – 2021
Caminhos da Reportagem Brasília Mística – 2012